Eugénio Costa Almeida

 2019 Moutinho JC A Força de Amar

José Carlos Moutinho
A Força de Amar

Estoril 29 de Junho de 2019

Boa tarde caros amigos

Tambwokenu (Bem-vindos – tchokwé)

Em primeiro lugar, agradecer a José Carlos Moutinho o honroso convite que me endereçou para vos falar sobre o seu novo e mais recente romance “A Força de Amar”.
De sublinhar «o mais recente romance» e não a sua última obra. Recordo o que, e muito bem, o poeta angolano Lopito Feijóo, emendou por quando da apresentação, por parte de um amigo comum, da, e cito, “última obra poética de Lopito Feijóo”; prontamente, o poeta respondeu “última não! A mais recente!”
De facto, José Carlos Moutinho tem-nos contemplado – e deliciado – com várias obras, romances, principalmente, mas, também, poesia, contos e autobiografias ou narrativas.
José Carlos Moutinho deve ser um dileto discípulo do escritor francês Jacques Anatole François Thibault, ou Anatole France, que afirmava, sobre a procriação de obras literárias, e, no caso, para mim, de qualquer tipo de obras, que “é acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar!”. E é isso que José Carlos Moutinho tem proactivamente feito. Cuidar das suas belas, expositivas e, diria – principalmente neste romance, que ora se apresenta – harmoniosamente perfumadas rosas.
E, por certo, não parará por aqui. Há mais terrenos férteis para semear as rosas que pululam na mente e nos dedos de José Carlos Moutinho. Sabendo que, uma parte significativa das suas obras estão viradas para o que a seu génio mais navega, a alma angolana,
Não é em vão que manda o adágio que, quem bebe água do Bengo não mais deixa de ter um espírito angolano; e Moutinho viveu anos suficientes em Angola, não só em Luanda, que era onde mais se bebia a água do Bengo, como percorreu várias partes de Angola nos seus cerca de X anos que por lá viver.
Quem conhece a obra de José Carlos Moutinho, sabe que uma parte significativa dela gira e torno da angolanidade.
Mas «A Fúria de Amar» mostra-nos uma nova faceta, uma nova rosa que desponta das mãos hábeis de Moutinho.
Este romance passa em Portugal, mais concretamente, na área do Porto. Todavia, a forma como ele tão bem descreve o enredo, diria que na haste base desta nova rosa, houve – há – um pequeno, mas sentido, enxerto das porcelânicas rosas angolanas.
Verão, principalmente quem conhece Angola e, ou África, quando começarem a ler o livro que há descrições, diria perfumadas e sensualizadas descrições que cheiram à vermelha terra angolana após uma discreta noite de cacimbo – e um parêntesis, parece-me, acho, que São Pedro já teve a oportunidade de ler este romance de José Carlos Moutinho e tem-nos oferecido uns belos dias de cacimbo como preparação para esta apresentação. Só sinto a falta o cheiro da vermelha terra angolana molhada.
Ou, como verão, nas delicadas bebidas espirituosas – por causa do politicamente correcto e não vá estar aqui presente pessoas que não possam beber bebidas alcoólicas –, divinalmente descritas, como, por exemplo – repito, como uma vez um diplomata árabe disse a um colega meu, não são bebidas alcoólicas, porque a sua religião não o permite ingerir, mas tão-só bebidas espirituosas – VAT69, Barclays ou um delicado licor James Martin’s (também sem ser em licor; durante a leitura até parecia que Moutinho me teletransportava para os inícios dos anos 70 e para uma ida ao Casão…).
Sobre o romance, propriamente dito – será, de facto, um romance, ou, talvez, uma novela, um princípio de um (de bem aproveitado) guião para uma excelente novela televisiva? Mais adiante explicarei esta dúvida – gostava de registar alguns factos.
Em primeiro, é apresentado, e é-nos oferecido, como romance. E como romance falarei, breve, mas, espero, o suficiente para quem ainda não começou a lê-lo tenha vontade de o fazer.
É um romance onde se entrelaçam e se complementam 3 ou 4 histórias de outras quase tantas (4… 5) personagens.
Um romance onde tudo o que é abordado, é-o sem titilados, sem falsos pudores, sem tibiezas, sem pútridas benevolências. Sem ser indiscreto, o Força de Amar, é cru, mas também com o quê de subtil, na apresentação e na observação dos factos que levaram à sua romanceação.
Ou seja, e tendo como base o que Moutinho nos descreve na Introdução, embora tendo como base de definição, a vida e onde substituirei estrada por leitura, este romance pode definir-se «como uma leitura onde aqui e ali surgem atalhos [a que eu diria ser a vida], uns floridos [a que chamarei de “amor”], outros de ervas daninhas [a droga, porque dela também aqui se fala, ou a intromissão de terceiros na vida de cada um], porém continuando com resiliência pode essa leitura normalmente chega-se a bom final, ou então não» [fica aqui a úvida lançada, dizendo desde já que só no Epílogo saberemos qual o foi impacto e a força do Amor que teve ou ocorreu neste romance]
E é por causa destas dúvidas que vamos recebendo ao longo das 198 páginas – diria mais, até à página 195, porque a partir daqui há uma sucessão de factos que confirmarão ou infirmarão «A Força e Amr» que eu em páginas anteriores colocava a questão de se «A Força de Amar» será, de facto, um romance, ou, talvez, uma novela, um princípio de um (de bem aproveitado) guião para uma excelente novela televisiva?
E vou servir-me das sinceras e avalizadas palavras de Ana Homem de Albergaria, no Prefácio que encima este romance, para compreender o seu porquê.
Honestamente, estive quase para apresentar o romance de José Carlos Moutinho, dizendo ou desculpando que, etc. e tal, tinha vários trabalhos e teses para ler ou urgentemente reler, dois trabalhos para publicar e etc. e tal; mas não conseguiria ser falso com um grande Kamba e um grande escritor e depois de já ter recebido há cerca de um mês o livro em pdf e o ter lido de um supetão.
No belo Prefácio que coroa este romance, Ana Homem Albergaria jogando com a analogia do título do romance diz-nos que «A Força de Amar» será sem dúvida, a maior força da natureza».
Poderia até ter começado logo esta apresentação com esta forte frase, mas a prefaciadora foi mais longe e escreve – daí eu reforçar ter este romance a imagem de uma bela novela, um belo guião para uma novela televisiva e tendo por base, onde o enredo se desenrola, na região do Porto – que «Perante uma escrita tão espontânea como a nossa própria respiração [e aqui vão perceber porque li de um folgo], o leitor não dará conta do tempo a passar e, quase por milagre, dará por si a entrar nas vidas de cinco personagens, com a cidade do Porto como pano de fundo e o amor e a poesia [luminosamente Moutinho oferece-nos uns 4, 5, poemas ao longo deste livro] a florescerem entre eles».
Por isso meu Caro, meu Kamba, José Carlos Moutinho vou concluir esta apresentação roubando um fragmento (a parte final) de um poema de Luísa (uma das personagens do romance, e que está nas páginas 146/147)
E só porque desejo
não querer mais nada…
Além da franqueza do sorriso verdadeiro
e do abraço apertado e silencioso.

Acrescento, Twadapandula meu Kamba!!
Estoril 29 de Junho de 2019
Eugénio Costa Almeida

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